quarta-feira, 20 de março de 2013

CONSCIENTE E INCONSCIENTE


Sincronicidade


(TEXTO ENCONTRADO NA INTERNET)

Termo cunhado por Carl Gustav Jung para sua teoria de que tudo no universo estava interligado por um tipo de vibração, e que duas dimensões (física e não física) estavam em algum tipo de sincronia, que fazia certos eventos isolados parecerem repetidos, em perspectivas diferentes. Tal idéia desenvolveu-se primeiramente em conversas com Albert Einstein, quando ele estava começando a desenvolver a Teoria da Relatividade. Einstein levou a idéia adiante no campo físico, e Jung, no psíquico.

A sincronicidade é definida como uma coincidência significativa entre eventos psíquicos e físicos. Um sonho de um avião despencando das alturas reflete-se na manhã seguinte numa notícia dada pelo rádio. Não existe qualquer conexão causal conhecida entre o sonho e a queda do avião. Jung postula que tais coincidências apóiam-se em organizadores que geram, por um lado, imagens psíquicas e, por outro lado, eventos físicos. As duas coisas ocorrem aproximadamente ao mesmo tempo, e a ligação entre elas não é causal.

Antecipando-se aos críticos, Jung escreve: "O ceticismo... deveria ter por objeto unicamente as teorias incorretas, e não assestar suas baterias contra fatos comprovadamente certos. Só um observador preconceituoso seria capaz de negá-lo.
A resistência contra o reconhecimento de tais fatos provém principalmente da repugnância que as pessoas sentem em admitir uma suposta capacidade sobrenatural inerente à psique".

Os fenômenos sincronícos manifestam-se com muito maior freqüência quando a psique está funcionando num nível menos consciente (estado de ondas alfa), como em sonhos, meditações ou devaneios. Assim que a pessoa se aperceba do evento sincroníco e se concentre nele, o perde, pois a idéia de tempo e espaço volta a reinar na consciência. Jung sublinha que a sincronicidade parece depender consideravelmente da presença de afetividade, ou seja, sensibilidade a estímulos
emocionais.

A grande sacada de Jung foi colocar a sincronicidade como algo abrangente do TODO, e não de um mero evento. Ele pergunta: Como pode um acontecimento remoto no espaço e no tempo produzir uma correspondente imagem psíquica, quando a transmissão de energia necessária para isso não é sequer concebível? Por mais incompreensível que isso possa parecer, somos compelidos, em última instância, a admitir a existência no inconsciente de algo como um conhecimento ‘a priori’ ou uma relação imediata de eventos que carecem de qualquer base causal. Ou seja: a pessoa que acessou o avião caindo sempre soube, só que não sabia que sabia, porque na verdade não existe espaço nem tempo para o
self! É o nível búdico!

Segundo ele, os pensamentos
vêm-nos à consciência; as intuições e pensamentos que surgem do inconsciente não são produtos de esforços deliberados para pensar, mas objetos internos, parcelas do inconsciente que pousam ocasionalmente na superfície do ego. Jung gostava de dizer, por vezes, que os pensamentos são como pássaros: eles chegam e fazem ninho nas árvores da consciência por algum tempo, e depois alçam vôo de novo. São esquecidos e desaparecem.

A matemática é um produto puro da mente, e não se mostra em parte alguma do mundo natural; no entanto, pessoas podem sentar-se em seus gabinetes e gerar equações que rigorosamente predizem e captam objetos e eventos físicos. A Jung impressionava que um produto puramente psíquico (uma fórmula matemática) pudesse ter um relacionamento tão extraordinário com o mundo físico. Por outro lado, Jung propõe que os arquétipos também servem como ligações diretas entre a psique e o mundo físico, mas não são as causas destes. Parece sim, ligá-lo a "operadores" que organizam a sincronicidade.

Os junguianos comentam que no inconsciente não há segredos. Todo o mundo sabe tudo. Pode-se comparar esse conhecimento com o "Olho de Deus", o "Olho que tudo vê" ou o "Grande Irmão". Não é apenas o que fazemos, mas até o que pensamos - que É o que somos! - que pode ser acessado.

Jung vai ainda mais longe em sua definição de Sincronicidade, que recebe o nome de Cosmologia na sua forma mais abrangente, onde relaciona a organização ‘acausal’ no mundo, sem referência à psique humana. Antes de nós existirmos, existia a organização, a sincronicidade; então, quem geria isso? Ele diz: "Nessa categoria se incluem todos os "atos de Criação", fatores a priori, tais como, por exemplo, as propriedades dos números primos, as descontinuidades da física moderna, etc."

Nós, seres humanos - ensina ele - temos um papel especial a desempenhar no universo. O nosso inconsciente é capaz de refletir o Cosmos e de introduzi-lo no espelho da consciência. Cada pessoa pode testemunhar o Criador e as obras Criativas desde dentro, prestando atenção à imagem e à sincronicidade. Pois o arquétipo não é só o modelo da psique, mas também reflete a real estrutura básica do universo. "Como em cima, assim em baixo" falou o Mestre Hermes Trismegisto. "Como dentro, assim fora" responde o moderno explorador da alma, Carl Gustav Jung.

Extraído e adaptado do livro Jung, o mapa da alma, de Murray Stein. Agradecimentos a Klash pela introdução.

"Não posso provar a você que Deus existe, mas meu trabalho provou empiricamente que o "padrão de Deus" existe em cada homem, e que esse padrão (pattern) é a maior energia transformadora de que a vida é capaz de dispor ao indivíduo. Encontre esse padrão em você mesmo e a vida será transformada." (C.G. Jung)

 

segunda-feira, 18 de março de 2013

SONHOS DE 2012

DO SEMINÁRIO DE SONHOS DE 2012, TIRADENTES, MG.

POEMA DE BORGES


Para uma versão do I Ching
JORGE LUIS BORGES
 
O porvir é tão irrevogável
como o rígido ontem.
Não há uma coisa
que não seja uma letra silenciosa
da eterna escrita indecifrável
cujo livro é o tempo.
Quem se afasta
de sua casa já retornou.
Nossa vida
é senda futura e percorrida.
Nada nos diz adeus. Nada nos deixa.
Não te rendas. O carcere é escuro,
a firme trama é de incessante ferro...
Mas de algum canto de seu encerro
pode haver um descuido, uma fenda.
O caminho é fatal como flecha
Mas nas gretas está Deus,
que espreita.

sexta-feira, 8 de março de 2013

OFÍCIO DE PASSARINHO



MANOEL DE BARROS

Desde sempre parece que ele fora preposto a pássaro.
Mas não tinha preparatórios de uma árvore
Pra merecer no seu corpo ternuras de gorjeios.
Ninguém de nós, na verdade, tinha força de fonte.
Ninguém era início de nada.
A gente pintava nas pedras a voz.
E o que dava santidade às nossas palavras era
a canção do ver!
Trabalho nobre aliás mas sem explicação
Tal como costurar sem agulha e sem pano.
Na verdade na verdade
Os passarinhos que botavam primavera nas palavras.

 

sábado, 2 de março de 2013

VIDA SIMPLES


 
MANOEL DE BARROS
Por forma que a nossa tarefa principal
era a de aumentar
o que não acontecia.
(Nós era um rebanho de guris.)
A gente era bem-dotado para aquele serviço
de aumentar o que não acontecia.
A gente operava a domicílio e pra fora.
E aquele colega que tinha ganho um olhar
de pássaro
Era o campeão de aumentar os desacontecimentos.
Uma tarde ele falou pra nós que enxergara um
lagarto espichado na areia
a beber um copo de sol.
Apareceu um homem que era adepto da razão
e disse:
Lagarto não bebe sol no copo!
Isso é uma estultícia.