quinta-feira, 27 de outubro de 2011



Aqui Está minha Vida
CECÍLIA MEIRELES


Aqui está minha vida - esta areia tão clara
com desenhos de andar dedicados ao vento.
Aqui está minha voz - esta concha vazia,
sombra de som curtindo o seu próprio lamento.
Aqui está minha dor - este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança - este mar solitário,
que de um lado era amor e, do outro, esquecimento.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011




Trecho da música “FADO TROPICAL”
CHICO BUARQUE/RUI GUERRA


"Sabe, no fundo eu sou um sentimental.
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo
( além da sífilis, é claro).
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar,
o meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."

"Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto

Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto

Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas o meu peito se desabotoa

E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa..."

sábado, 22 de outubro de 2011

JARDINS E POESIA


JARDIM DE MONET-GIVERNY-FRANÇA-

4o. Motivo da rosa
CECÍLIA MEIRELES


Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.

Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.

Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.

E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011


PALOMA DE LA PAZ- P. PICASSO -

SÍMBOLO – JUNG – RETIRADO DO SITE: “RUBEDO”

Muito embora seja possível determinar um tempo e um lugar em particular para a definição de SÍMBOLO de Jung, é menos fácil descrever a evolução de suas idéias sobre a imagem. Talvez seja verdade que a progressão desde se falar de símbolo até a concentração sobre a imagem é um fenômeno da psicologia analítica em seu período pós-junguiano (cf. Samuels, 1985a), porém uma observação exata dos escritos pessoais de Jung parece substanciar uma definição de imagem que contém ou amplifica o símbolo, sendo o contexto em que este se insere, seja pessoal ou coletivo.
O trabalho a que Jung se dedicou em sua vida, lado a lado com seus escritos, parece dominado por determinadas configurações psíquicas em torno das quais ele se move em CIRCUMAMBULAÇÃO, vendo-as sempre de modo mais profundo e nítido, assim possibilitando-o a preencher ou moldar uma forma básica. Portanto, embora misturasse as palavras símbolo e imagem em diferentes ocasiões, em sua carreira profissional, usando estas palavras quase como sinônimos uma da outra, afinal de contas iria parecer que ele concebia a imagem tanto anterior a como maior que a soma de seus componentes simbólicos. Em suas próprias palavras: “A imagem é uma expressão condensada da situação psíquica como um todo, e não meramente, ou mesmo predominantemente, de conteúdos inconscientes puros e simples” (CW 6, parág. 745).
A compreensão da imagem por Jung modificou-se no curso de toda uma vida. Originalmente formulada como um conceito, a imagem era experimentada como uma presença que acompanhava a psique. Sua mais notável descoberta verificada empiricamente, poderia ser de que a própria psique não ocorre “cientificamente”, isto é, mediante hipótese e modelo, mas sim imagisticamente, isto é, através do MITO e da METÁFORA. Contudo, Jung diz sobre a imagem:
Ela, sem dúvida, realmente expressa conteúdos inconscientes, mas não o todo deles, apenas aqueles que estão momentaneamente constelados. Essa constelação é o resultado da atividade espontânea do INCONSCIENTE, por um lado, e da momentânea situação consciente, pelo outro... A INTERPRETAÇÃO de seu significado, portanto, não pode partir nem do consciente exclusivamente nem do inconsciente exclusivamente, mas somente do relacionamento recíproco destes (ibid., grifo acrescentado).
Isso realça o lugar da emoção e do AFETO com respeito às imagens. Enquanto, considerando-se de um ponto de vista causal, teórico ou científico, as imagens são supostamente objetivas, por sua natureza são também altamente subjetivas (ver MÉTODOS REDUTIVO E SINTÉTICO). Em virtude da imagem ser um continente dos opostos, em contraste com o símbolo que é um mediador dos opostos, não se prende a uma posição qualquer, porém em cada uma podem ser encontrados elementos dela. Como exemplo, a imagem da ANIMA é tanto uma experiência interior como exterior a um só e mesmo tempo; do mesmo modo que “mãe” ou “rainha”. Em parte, o trabalho da ANÁLISE consiste na diferenciação que prepara uma reunificação dos OPOSTOS como parte de um conjunto de imagens renovado e mais consciente. Quer dizer, a vida por ser real não é menos psicológica.
A imagem é sempre uma expressão da totalidade percebida e percebível, apreendida e apreensível, pelo indivíduo. Enquanto, sobretudo no fim de sua vida, Jung discriminava entre a imagem arquetípica e o ARQUÉTIPO per se, na prática são as imagens que excitam o observador (por exemplo, o sonhador) até o grau de ele ser capaz de incorporar ou compreender ou realizar (tornar consciente) o que ele percebe. De acordo com Jung, a imagem é dotada de um poder gerador; sua função é incitar; ela é psiquicamente compelidora.
Resumindo, as imagens têm a facilidade de gerar suas iguais; movimento nas imagens em direção à sua realização é um processo psíquico que nos atinge pessoalmente. Tanto observamos de fora como também participamos ou sofremos como uma figura no drama. “É um fato psíquico”, escreve Jung, “que a FANTASIA está acontecendo e ela é tão real como você – enquanto entidade psíquica – é real. Se essa operação crucial de entrar ativamente em sua própria reação não é levada a cabo, todas as mudanças são deixadas ao fluxo das imagens e a pessoa mesmo não muda.” (CW 14, parág. 753). A vida psicológica enfatiza, sobretudo, a necessidade de uma reação subjetiva às imagens, desse modo estabelecendo um relacionamento, um diálogo, um envolvimento ou um toma-lá-dá-cá que resulta eventualmente em uma CONIUNCTIO, em que tanto a pessoa como a imagem são afetadas (ver EGO; FUNÇÃO TRANSCENDENTE; IMAGINAÇÃO ATIVA). Esse relacionamento é o foco de atenção atual entre psicólogos analíticos, simbolizada por uma ênfase em empatia, relacionar-se e EROS.
Embora boa parcela de atenção tenha sido dada aos símbolos individuais, Hillman (1975) também tentou esclarecer o conceito de imagem. O relacionamento apropriado entre o indivíduo e a imagem é expresso por um estudioso do islamismo, Corbin (1983): “a própria imagem abre caminho àquilo que jaz além dela, em direção àquilo que simboliza”. Corroborando isso, temos a afirmação de Jung: “Quando a mente consciente participa ativamente e experimenta cada estágio do processo, ou pelo menos o compreende intuitivamente, então a imagem seguinte (uma ampliação da imagem original) sempre brota no nível mais elevado que se conquistou e uma intencionalidade se desenvolve” (CW 7, parág. 386). Ver IMAGO; PONTO DE VISTA TELEOLÓGICO; REALIDADE PSÍQUICA.

terça-feira, 18 de outubro de 2011



“AS LÁGRIMAS SÃO UM RIO QUE NOS LEVA A ALGUM LUGAR.
O CHORO FORMA UM RIO EM VOLTA DO BARCO QUE CARREGA A VIDA DA ALMA.
AS LÁGRIMAS ERGUEM SEU BARCO DAS PEDRAS, SOLTAM-NO DO CHÃO SECO,
CARREGAM-NO PARA UM LUGAR NOVO, UM LUGAR MELHOR.”
(CLARISSA PINKOLA ESTÉS)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

POESIA E ANJOS


RAPHAEL - RENASCENÇA-

A ARTE DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE DEIXOU SEMENTINHAS...VEJAM ABAIXO:

Poema de sete faces
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.


O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos , raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo,
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.


LET'S PLAY THAT
Torquato Neto
(musicado por Jards Macalé)

Quando eu nasci
um anjo louco muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco, torto
com asas de avião

eis que esse anjo me disse
apertando minha mão
com um sorriso entre dentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes

Let's play that
Do CD Torquato Neto - Todo Dia É Dia D
Vários Artistas, Dubas Música, 2002

ATÉ O FIM
Chico Buarque de Hollanda


Quando nasci veio um anjo safado
O chato dum querubim
E decretou que eu tava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim

Inda garoto deixei de ir à escola
Cassaram meu boletim
Não sou ladrão, eu não sou bom de bola
Nem posso ouvir clarim
Um bom futuro é o que jamais me esperou
Mas vou até o fim

Eu bem que tenho ensaiado um progresso
Virei cantor de festim
Mamãe contou que eu faço um bruto sucesso
Em Quixeramobim
Não sei como o maracatu começou
Mas vou até o fim

Por conta de umas questões paralelas
Quebraram meu bandolim
Não querem mais ouvir as minhas mazelas
E a minha voz chinfrim
Criei barriga, minha mula empacou
Mas vou até o fim

Não tem cigarro, acabou minha renda
Deu praga no meu capim
Minha mulher fugiu com o dono da venda
O que será de mim?
Eu já nem lembro pr'onde mesmo que vou
Mas vou até o fim

Como já disse, era um anjo safado
O chato dum querubim
Que decretou que eu tava predestinado
A ser todo ruim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim
Do LP Chico Buarque - Polygram, 1978

COM LICENÇA POÉTICA
Adélia Prado


Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável.
Eu sou.
In Adélia Prado, Poesia Reunida
Siciliano, São Paulo, 1991

QUAL DESSES É O SEU ANJO????

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

JUNG E ARTE



ALGUMAS FRASES E PENSAMENTOS DE JUNG SOBRE A ARTE.

A essência da obra de arte não é constituída pelas
particularidades pessoais que pesam sobre ela – quanto mais
numerosas forem, menos se tratará de arte... Provinda do espírito
e do coração, fala ao espírito e ao coração da humanidade.
C.G.JUNG[...]

O anseio criativo vive e cresce dentro do homem como uma
árvore no solo do qual extrai seu alimento. Por conseguinte,
faríamos bem em considerar o processo criativo como uma
essência viva implantada na alma do homem [...].
C.G.JUNG

[...] a arte, nele (artista), é inata como um instinto que dele se
apodera, fazendo-o seu instrumento. Em última instância, o que
nele quer não é ele mesmo enquanto homem pessoal, mas a
obra de arte. Enquanto pessoa, tem seus humores, caprichos e
metas egoístas; mas enquanto artista ele é, no mais alto sentido,
“homem”, e homem coletivo, portador e plasmador da alma
inconsciente e ativa da humanidade.24
C.G.JUNG

[...] será que a arte realmente “significa”? Talvez a arte nada
signifique e não tenha nenhum sentido [...] Talvez ela seja como a
natureza que simplesmente é e não “significa” [...] A pergunta
sobre sentido nada tem a ver com a arte [...] Para o
conhecimento, porém, devemos deslocar-nos para fora do
processo criativo e olhá-lo desse lado, pois só então ele se
tornará imagem que exprime algum sentido. E assim, o que antes
era mero fenômeno, transforma-se em algo que, juntamente com
outros fenômenos, terá sentido, algo que representará
determinado papel, servirá a certos propósitos e terá efeitos
significativos.75
C.G.JUNG

domingo, 9 de outubro de 2011

ALMA E LUZ


SAINT CHAPELLE - PARIS -

Ilumina-se a Igreja por Dentro da Chuva
FERNANDO PESSOA


Ilumina-se a igreja por dentro da chuva deste dia,
E cada vela que se acende é mais chuva a bater na vidraça...

Alegra-me ouvir a chuva porque ela é o templo estar aceso,
E as vidraças da igreja vistas de fora são o som da chuva ouvido por dentro ...

O esplendor do altar-mor é o eu não poder quase ver os montes
Através da chuva que é ouro tão solene na toalha do altar...

Soa o canto do coro, latino e vento a sacudir-me a vidraça
E sente-se chiar a água no fato de haver coro...

A missa é um automóvel que passa
Através dos fiéis que se ajoelham em hoje ser um dia triste...
Súbito vento sacode em esplendor maior
A festa da catedral e o ruído da chuva absorve tudo
Até só se ouvir a voz do padre água perder-se ao longe
Com o som de rodas de automóvel...

E apagam-se as luzes da igreja
Na chuva que cessa ...

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

sábado, 8 de outubro de 2011


BERTHE MORISOT-EUGENE MANET NA ILHA DE WIGHT

ALGUMAS FRASES QUE APARECERAM NO NOSSO ENCONTRO DOS SONHOS EM TIRADENTES - USADAS PELA MESTRA ADRIANA -

-JUNG:"TUDO QUE É PSÍQUICO ESTÁ GRÁVIDO DE FUTURO".
PRENHEZ É UMA COMUNHÃO COM TODAS AS FORÇAS DE VIDA.
-O SONHO É UM GOLPE. GOLPE VITAL.
-SONHAR:UMA FORMA POSSÍVEL DE EXISTIR.
-O SONHO É ENDEREÇADO À PRÓPRIA PESSOA QUE O SONHOU.
-SE EU ME RECUSO A ADOTAR COMPORTAMENTOS QUE SÃO DO MEU SELF, EU FALHO COM O MEU DESTINO.
-ABRAÇAR A NATUREZA PARA VOLTAR PARA O NOSSO NINHO INTERIOR.
-KELEMANN:"CRIAR REALIDADES É UMA CONSTRUÇÃO CONTÍNUA".
-DAR FORMA ÀS IMAGENS É UM ATO DE CRIAÇÃO.
-SRI AURUBINDO:"HÁ UMA ASPIRAÇÃO HUMANA QUE PEDE E UMA GRAÇA DIVINA QUE RESPONDE".
-SRI AURUBINDO:"O ÚNICO GRANDE PERIGO É PERDER-SE DE SÍ MESMO".
-SRI AURUBINDO:"MESMO QUANDO TUDO PARECE ESTAR PERDIDO, UMA MÃO PODEROSA TE LEVARÁ ATRAVÉS DE TUDO".
-SRI AURUBINDO:"OH!, TÚ QUE AMAS!GOLPEIA".

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

entre ceu e serra





o golpe..


realidade ou reflexo?


simplesmente saciar o desejo de tornar-se inteiro


beleza estranha.

Mais um pouquinho de Jung

"I have always tried to make room for anything that wanted to come to me from within."
 Carl Jung


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

UM POUQUINHO DE JUNG



Mandala ilustrada por Carl Jung (Livro Vermelho)

INDIVIDUAÇÃO
O renomado psicólogo Carl Jung, criador da psicologia analítica, cunhou o termo “Individuação" para o processo contínuo de aprimoramento pessoal, a busca de um indivíduo por tornar-se "si mesmo" (“self”), a expressão da essência única que cabe somente a cada um de nós realizar.

Vamos compreender melhor o que isso significa...


EGO e SELF

O ego é a dimensão consciente da nossa personalidade, que nos permite dar conta de nossa identidade individual, enquanto o self abarca a totalidade (tanto nossos conteúdos conscientes quanto inconscientes), sendo também o centro regulador da nossa psique e ponto de passagem para uma dimensão maior - transcendente.

O ego, segundo Jung, deve estar a serviço do self, onde sua principal função é de intermediar o processo de assimilação dos nossos conteúdos inconscientes na consciência, num processo contínuo de integração e ampliação.

No entanto, quando um ego ainda está imaturo e enfraquecido, o que constatamos no comportamento do indivíduo é uma atitude de manipulação, ilusão, apego, e a busca por aprovação externa – um estado de consciência no qual grandes conflitos e dramas emocionais podem ocorrer.

O nosso verdadeiro poder, porém, emerge das profundezas da nossa alma/self. Não se trata de ter poder sobre os outros, mas sobre a nossa própria felicidade e destino.

Com o amadurecimento e estruturação do ego, o indivíduo passa a identifica-se menos com os valores externos do meio em que vive, e volta-se mais para as emanações do “self” – o centro da nossa totalidade e ponto de integração de todas as nossas instâncias psíquicas (personas, sombras, anima/animus, etc).

É importante ressaltar que para Jung, a individuação não exclui a pessoa do mundo, mas aproxima o mundo dela.

Viver a partir da nossa perspectiva interna, despindo-se de tudo o que é falso, tudo o que nos afasta da nossa natureza essencial; e ao mesmo tempo conviver harmoniosamente com o meio social, compreendendo o nosso papel e contribuição no contexto evolutivo maior, é o nosso maior desafio, o grande salto em nossa existência.
(extraído do blog : “despertar”)

quarta-feira, 5 de outubro de 2011


(DESCONHEÇO A AUTORIA)

CHUVA, CHUVINHA
ELIANA MIRANZI


VENHA, VENHA CHUVINHA,
TRAZ CHEIRO DE CHÃO MOLHADO,
INCHA A SEMENTE PLANTADA,
LAVA A POEIRA DAS FOLHAS
QUE JÁ PEDEM POR UM BANHO.
FAZ DESPENCAR SECAS ROSAS,
FAZ PASSARINHO CANTAR,
PÕE VELHINHAS NAS JANELAS,
ATRÁS DO VIDRO A SONHAR
COM BRANDAS CHUVAS DE OUTRORA.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Sobre diamantes e sonhos

Novamente mergulhei em uma viagem por mim mesma. Novamente estive com Adriana Ferreira, num Workshop dos Sonhos.
É difícil explicar o que é este trabalho de autoconhecimento e sustentação da minha jornada.
Por isso, mais uma vez, prefiro contar sobre o que trago comigo.
tudojoia.blog.br

Primeiro, um novo sentimento, de mais conexão com meu feminino. De permitir-me dançar, perfumar-me, suavizar a voz, cantar para meus filhos.  Sinto-me mais desperta para esta possibilidade de delicadeza e falar baixo.
Também, muito mistério. Vontades de silêncio, novos segredos comigo mesma. Memórias de encontros.  Momentos mágicos.
E uma alegria, uma alegria inebriante.  Uma paixão renovada pela música, pela dança, pela poesia.
Um desejo de Adélia Prado, Guimarães Rosa.
Uma saudade de todos os sonhadores que partilharam sua vida comigo.
Viver mais simples requer ancoragem.  Requer um corpo inteiro. Alma costurada com ele.
Por isso sou grata por descobrir este caminho, esta prática de construir em mim mesma estrutura e coesão para navegar.
Sonhando acordada, posso ser mais eu e, ao mesmo tempo, ser mais do mundo.
Saio inundada pelo espírito fértil da primavera. Espírito de amizades redescobertas. E de novos amigos.
Trago em mim a memória de uma lua amarela em sorriso, de pés descalços na grama. Do aroma de rosas e mel.
Revelar-se é um presente, um fortalecimento necessário para retornar à rotina, ao trabalho, à dureza da falta de tempo e espaço.
Mas tenho comigo a minha forma, alongada em toda minha extensão. Sinto-me viva, íntegra e pulsante.
Já anseio pelo próximo encontro....
Para encerrar, uma música de nosso estar juntos, traduzindo este sentimento de pertencer à terra e a mim mesma.