sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O PODER DA IMAGEM


O PODER DE CRIAR IMAGENS-
 ELIANA MIRANZI

TEMOS O DOM, O TALENTO DE CRIAR IMAGENS.
DEVEMOS USÁ-LO, APROVEITARMOS DISSO, TREINAR SEU USO PARA NOSSO PRÓPRIO BENEFÍCIO- PARA NOS CONHECERMOS MELHOR, NOS CURARMOS DE NOSSOS MALES, CONCEBER DIFERENTES MUNDOS, CRIAR INÚMERAS OUTRAS POSSIBILIDADES, QUE NÃO AS CHAMADAS DE “REAIS”...O QUE É REAL?
-USAR A IMAGINAÇÃO: IMAGEM EM AÇÃO.
A IMAGEM TEM FORÇA, É PODEROSA. DEVE SER BEM EXPLORADA.
IMAGENS QUE NÓS MESMOS CRIAMOS. AVISOS DA ALMA-RETRATOS DE NOSSA PSIQUE. AUTO-INFORMAÇÃO.
COMO JOGAR ISSO FORA?COMO DESPREZAR ISSO?
DO MESMO MODO, DEVEMOS TREINAR NOSSO OLHAR E ESTUDAR AS IMAGENS QUE APARECEM EM NOSSOS SONHOS- PODEROSO E MISTERIOSO ARTIFÍCIO (ARTE+ OFÍCIO) DE NOSSA DESCONHECIDA CONEXÃO COM TANTOS OUTROS MISTÉRIOS DO UNIVERSO.
 UM BELO DIA, A IMAGEM DE QUE NECESSITAMOS, PARA ENTENDER NOSSO PARENTESCO COM TUDO O QUE EXISTE, NOS SURPREENDERÁ...
-IMAGENS DA ARTE, CRIADAS POR GÊNIOS E QUE PODEM NOS SOPRAR UM POUQUINHO DO ENTENDIMENTO DE QUEM SOMOS.
DE QUE MANEIRA NOS TOCAM?
O QUE NOS DIZEM?
O QUE QUEREM RELATAR?
IMAGENS DA LITERATURA DE FICÇÃO, DE RELATOS BEM ESCRITOS, DA POESIA...
ELAS TÊM O PODER DE, IMEDIATAMENTE APÓS SEREM LIDAS, APARECEREM COMO UMA REALIDADE PALPÁVEL EM NOSSAS MENTES.
IMPOSSÍVEL DESPREZAR ESTE  TESOURO.
-AQUILO QUE “IMAGINAMOS”, CRIAMOS: EXISTE, É REAL, ACREDITE.
CRIE IMAGENS.
OBSERVE-MERGULHE FUNDO NELAS.
ANALISE- ESTUDE-PERCEBA-TOME POSSE.
FAÇA DE SUAS IMAGENS, VOCÊ.
FAÇA DE VOCÊ, INÚMERAS IMAGENS.
E COMPARTILHE.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012



CÈZANNE E O MONTE SANTA VITÓRIA.
ELIANA MIRANZI

ESTA MONTANHA FICA PRÓXIMO A ONDE MOROU CÈZANNE, EM AIX-EN-PROVENCE,
NO SUL DA FRANÇA. CÈZANNE ERA OBCECADO POR ELA. PINTOU-A, ME PARECE , MAIS DE 60 VEZES.
TESTOU DIFRENTES DESENHOS, FORMAS, EXPLOROU A LUZ DO SOL INCINDINDO SOBRE ELA, EM DIFERENTES HORAS DO DIA E DIFERENTES ÉPOCAS DO ANO.DIZIA QUE TUDO NA NATUREZA TINHA FORMAS GEOMÉTRICAS. VIA O CONE, A ESFERA, O CILINDRO...DAÍ TER INFLUENCIADO OS FUTUROS CUBISTAS, E VEMOS SUA ARTE DESAGUAR EM BRAQUE, PICASSO E OUTROS.
A ARTE ERA A SOBREVIVÊNCIA, PARA CÈZANNE, QUE TEVE SÉRIOS PROBLEMAS DE RELACIONAMENTO COM O PAI, E OUTRAS PESSOAS. A ARTE O FAZIA CAPAZ DE VIVER. SEM ELA, TERIA MORRIDO MUITO MAIS JOVEM. E COM SUA ARTE NOS AJUDA TAMBÉM A VER, VIVER, SOBREVIVER. NOS ENSINA MUITO SOBRE O QUE É APRECIÁVEL EM ARTE, O QUE DEVEMOS OLHAR, COMO OLHAR, E O QUE SUAS IMAGENS NOS FALAM, DE SUA PESSOA, SEU TEMPO, SEU AMBIENTE, SEU CORAÇÃO...E SEU PSIQUISMO.

sábado, 15 de setembro de 2012


 
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
LIVRO:PEDRA SÓ.
(TRECHOS TIRADOS DO BLOG DE ROSEANA MURRAY)

"É da natureza do poeta
sonhar a essência do vento
e soprar na harpa os outros nomes
da pedra e da água."

pg 97

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"A arte da pedra é ser o silêncio que cresce"

pg 29

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Na Pedra Só,
as formigas tecem as escrituras
no abismo da noite tão enorme
e o espantalho veste a seda do orvalho
para
receber de braços abertos,
o sabor das auroras, o sagrado.

pg 25

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Eu chego no silêncio que acende
as quatro ferraduras do tempo
e encontro a inesgotável jazida,
catedral do rubi que me habita.

pg 73

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

GRATIDÃO


ANDRÉ COMTE-SPONVILLE – GRATIDÃO-

A gratidão é a mais agradável das virtudes; não é, no entanto, a mais fácil. Por que seria? Há prazeres difíceis ou raros, que nem por isso são menos agradáveis. Talvez sejam até mais. No caso da gratidão, todavia, a satisfação surpreende menos que a dificuldade. Quem não prefere receber um presente que um tapa? Agradecer à perdoar? A gratidão é um segundo prazer, que prolonga um primeiro, como um eco de alegria à alegria sentida, como uma felicidade a mais para um mais de felicidade. O que há de mais simples? Prazer de receber, alegria de ser alegre: gratidão. O fato de ela ser uma virtude, porém, basta para mostrar que ela não é óbvia, que podemos carecer de gratidão e que, por conseguinte, há mérito - apesar do prazer ou, talvez, por causa dele - em senti-la. Mas por quê? A gratidão é um mistério, não pelo prazer que temos com ela, mas pelo obstáculo que com ela vencemos. É a mais agradável das virtudes, e o mais virtuoso dos prazeres.

..A gratidão se regozija com o que aconteceu, ou com o que é; ela é, portanto, o inverso do arrependimento ou da nostalgia (que sofrem com um passado que se foi, ou que não é mais), como também da esperança e da angústia, que desejam ou temem (desejam e temem) um futuro que ainda não é, que talvez nunca seja, mas que as tortura com sua ausência... Gratidão ou inquietude. A alegria do que é ou foi, contra a angustia do que poderia vir a ser. “A vida do insensato”, dizia Epicuro, “é ingrata e inquieta: ela se volta toda para o futuro” Por isso eles vivem em vão, incapazes de se saciarem, de se satisfazerem, de serem felizes: eles não vivem, dispõem-se a viver, como dizia Sêneca, esperam viver, como dizia Pascal, depois lamentam o que viveram ou, mais freqüentemente, o que não viveram... O passado como o futuro, lhes falta. Já o sábio regozija-se com viver, claro, mas também com ter vivido. A gratidão (charis) é essa alegria da memória, esse amor do passado - não o sofrimento do que não é mais, nem o pesar pelo que não foi, mas a lembrança alegre do que foi. É o tempo reencontrado, se quisermos (“A gratidão do que foi”, diz Epicuro). Compreendemos que esse tempo torna a idéia da morte indiferente, como dirá Proust, pois aquilo que vivemos, a própria morte, que nos levará, não poderá tomar de nós os bens imortais, diz Epicuro, não porque não morremos, mas porque a morte não poderia anular o que vivemos, o que fugidia e definitivamente vivemos. A morte só nos privará do futuro, que não é. A gratidão liberta-nos dele, pelo saber alegre do que foi. O reconhecimento é um conhecimento ( ao passo que a esperança nada mais é do que imaginação); é por aí que ela alcança a verdade, que é eterna, e a habita. Gratidão: desfrutar eternidade.


Isso não nos restituirá o passado, objetar-se-á a Epicuro, nem o que perdemos...Sem dúvida, mas quem pode fazê-lo? A gratidão não anula o luto, consuma-o:”É necessário curar os infortúnios com a lembrança reconhecida do que perdemos, e pelo saber de que não foi possível tornar não-consumado o que aconteceu. Pode haver formulação mais bela do trabalho de luto? Trata-se de aceitar o que é, também o que não é mais, e de amá-lo como tal, em sua verdade, em sua eternidade: Trata-se de passar da dor atroz da perda à doçura da lembrança, do luto a consumar ao luto consumado (“a lembrança reconhecida do que perdemos”), da amputação à aceitação, do sofrimento à alegria, do amor dilacerado ao amor apaziguado,. “Doce é a lembrança do amigo desaparecido” dizia Epicuro - a gratidão é essa própria doçura, quando se torna alegre. No entanto, o sofrimento é mais forte primeiro: “Que terrível ele ter morrido!” Como poderíamos aceitar? Por isso o luto é necessário, por isso o luto é difícil,, por isso é doloroso. Mas a alegria retorna, apesar dos pesares. “Que bom ele ter vivido!” Trabalho de luto: trabalho de gratidão.


...A gratidão é alegria, repitamos, a gratidão é amor...Alegria somada a alegria: amor somado a amor. A gratidão é nisso o segredo da amizade, não pelo sentimento de uma dívida, pois nada se deve aos amigos, mas por superabundância de alegria comum, de alegria recíproca, de alegria partilhada. “ A amizade conduz sua dança ao redor do mundo”, dizia Epicuro, “convidando todos nós a despertar para dar graças”. Obrigado por existir, dizem um ao outro, e ao mundo e ao universo. Essa gratidão é de fato uma virtude, pois é a felicidade de amar e é a única.


Fragmentos do texto “A GRATIDÃO”. André Comte-Sponville - Pequeno Tratado das Grandes Virtudes - Martins Fontes. São Paulo. 1996.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

VIAGEM À MIM


"Sumo de idéias"

Esqueci a tal exatidão. Dar nome aos bois, colocar os pingos nos "is", bater de frente. Tirei férias disso tudo. Se algum desaforo bater à minha porta, não atendo. Canto ciranda, enfeito minhas tranças, converso com a esperança. Perdi minha mala carregada de ressentimentos na estrada do sossego. Mudei a rota, arranquei as portas que aprisionavam meu sorriso. Me perdi do tempo. Me encontrei em mim.


 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

SETEMBRO


"QUANDO SETEMBRO CHEGAR "
Quando setembro chegar…

 Quando setembro chegar o inverno terá acabado e o amanhecer virá me acordar, apressado.

 Não mais haverá folhas secas caídas ao chão, pois as cores, antes tímidas,
voltarão em puro êxtase, bailando num festival deliciosamente provocante.

 Quando setembro chegar o sol estará pleno, iluminando os mares do meu mundo.

 Uma brisa suave teimará em bater de leve em meu rosto, desajeitando meus cabelos úmidos e pesados. Um aroma antigo
 se fará presente, trazendo consigo a quietude do meu ser.

 Quando setembro chegar serei embalada por uma música e por alguns instantes deixarei de respirar. Em órbita,
 minha razão terá sido arrancada de mim por algo que não pretendo explicar.

 Teremos tempestade. Ventania. Um doce fechar de olhos.

 Um meio sorriso preso nos lábios.

 Quando setembro chegar correrei ao encontro dos sentidos. Ao abrir uma janela descobriria um novo cheiro,
ao escancarar uma porta um novo gosto. Na intimidade de um toque, desvendaria um olhar.

 Uma onda de felicidade atingirá todo meu corpo. Alegria em forma de espuma nos pés, contentamento
 em forma de grãos de areia nas mãos. Não haverá nuvens no meu céu.

Quando setembro chegar eu serei todas as estações do ano…"

 Ludmila Guarçoni